Um investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho descobriu uma espécie de “urso d’água” (Batillipes chandrayaani) na costa sudoeste da Índia. Marcos Rubal fez a pesquisa com dois colegas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Cochin, que foi publicada na revista científica Zootaxa.

Este organismo invertebrado tem características únicas na cabeça, nas formas dos dedos, nas dobras da camada protetora do corpo, nas estruturas sensoriais da quarta perna e no apêndice da cauda. Este animal ajuda a perceber efeitos das mudanças ambientais no ecossistema marinho.

Os investigadores analisaram perto de cinquenta espécimes recolhidos de sedimentos arenosos da praia Mini Coral, em Mandapam, e identificaram a nova espécie. Os “ursos d’água” ou tardígrados são conhecidos pela resistência a condições extremas, como de temperatura, radiação, desidratação e vácuo. Os tardígrados surgem em vários ambientes, sendo que os marinhos vivem nos oceanos, mares e lagoas salgadas, alojados em sedimentos, algas e rochas submersas. Têm um papel crucial no controlo de populações de algas e bactérias, contribuindo para o ciclo dos nutrientes e o equilíbrio ecológico.

“Estes animais favorecem a decomposição da matéria orgânica, pois alimentam-se de bactérias, algas, fungos e formas resistentes de fitoplâncton e ajudam na limpeza das praias, evitando que as marés vermelhas predominem”, explica Marcos Rubal. São seres vivos microscópicos, o que torna o estudo exigente. “Descrever novas espécies é um processo demorado e é complicado obter financiamento neste âmbito; há preocupação com a perda da biodiversidade, mas não se faz o esforço ideal para a catalogar”, afirma o investigador.

 

18 espécies em Portugal e na Galiza

A espécie descoberta representa um avanço significativo na ciência e conservação marinha, aumentando o conhecimento sobre a biodiversidade. Este “urso d’água” é um indicador das mudanças ambientais, fornecendo informações sobre o estado dos ecossistemas marinhos.

Em Portugal e na Galiza também foram encontradas espécies de tardígrados. “Identificámos seis espécies que nunca tinham sido descritas para a ciência e 18 que foram registadas pela primeira vez na Península Ibérica”, revelou o biólogo.

As duas últimas foram identificadas em 2018, na praia de Lagos, Algarve e na costa galega (Batillipes algharbensis e Batillipes lusitanus). No ano anterior tinham sido descobertas outras três, sendo uma em Lisboa (Macrobiotus halophilus), uma na foz do rio Minho (Batillipes minius) e outra na Galiza (Ramazzottius littoreus)A equipa científica, incluindo Paulo Fontoura e Erika Santos do Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE) e Puri Veiga do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), encontrou também uma espécie e género novos (Prostygarctus aculeatus) na praia de Ofir, em Esposende, em 2013.

Universidade do Minho